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18 de Setembro de 2020

A PNL ao serviço da Gestão Emocional – Game Changer

Os nossos cinco sentidos captam o mundo exterior e dão-nos uma sensação de estarmos mais virados para o mundo exterior do que para o interior e de facto é-nos mais fácil comentar/opinar/julgar as ações do outro do que as nossas próprias. Por isso, a PNL descreve a interação fundamental entre mente (neuro) e linguagem (linguística) e como essa dinâmica afeta o nosso corpo, o nosso comportamento e as nossas emoções (programação).

Nas palavras de Richard Bandler, um dos pioneiros da PNL, “a Programação Neurolinguística é um processo educacional sobre como usar melhor o nosso cérebro.”

No que respeita às emoções, diz António Damásio, “não somos máquinas de pensar. Somos máquinas de sentir, que pensam.” Por isso, as emoções determinam as decisões que tomamos na nossa vida, funcionando como um radar pessoal.

Paul Ekman juntou a esta discussão um importante tópico: o facto de as emoções não precisarem de espectadores. Assim, podemos reagir
emocionalmente a músicas, paisagens, trovões, etc. Na sua investigação, com uma tribo na Nova Guiné completamente isolada, provou que existem sete emoções universais, independentemente da cultura: alegria, tristeza, medo, surpresa, aversão, raiva e desprezo (adicionada posteriormente).

Se a forma como expressamos as nossas emoções é universal, a forma pela qual captamos, armazenamos e codificamos a informação externa varia de pessoa para pessoa. A PNL refere que existem quatro sistemas de representação: visual, auditivo, cinestésico e auditivo digital. Cada um deles tem as suas próprias caraterísticas e conseguiríamos distingui-las se estivéssemos num estádio de futebol, existisse um golo e tivéssemos de verbalizar como foi esse golo para nós. O golo era o mesmo, a forma como percepcionamos e codificamos essa informação é que seria diferente.

Por isso, muitas vezes, quando transmitimos uma informação, utilizamos o nosso sistema de representação preferencial e o nosso interlocutor tem outro e isso faz com que a informação seja transmitida e captada de forma distinta.

Este é um dos principais pressupostos da PNL: “o mapa não é território”, ou seja, a realidade não existe, pois cada um tem a sua própria visão da realidade.

Ter consciência destas diferenças fará com que tenhamos maior atenção à forma como comunicamos, aumentando a tolerância com o outro, contribuindo naturalmente para uma melhor gestão das emoções.

Se a forma como captamos a informação nos distingue, a forma como a filtramos torna-nos únicos. Um dos filtros mais relevantes que utilizamos, e com enorme peso na nossa gestão emocional, é o das crenças. Todos temos crenças limitadoras e crenças potenciadoras e estas formam-se a partir das nossas experiências directas e indirectas ou pela modelagem da experiência dos outros (traços culturais
e educacionais).

Já imaginaram qual será a performance de um atleta que entra na final de uma competição europeia com uma das seguintes crenças?: “normalmente não lido bem com a pressão dos grandes momentos”; “quando vamos a penáltis nunca ganhamos”; ou “a maldição de Béla Guttmann parece mesmo real”.

Como refere Timothy Gallwey, (fundador das bases do coaching desportivo) no seu livro “O Jogo Interior no Ténis”, “o jogo interno ocorre dentro da mente do jogador e é jogado contra obstáculos como o medo, a insegurança, lapsos de concentração e que limitam conceitos ou suposições. O jogo interno é jogado para superar os obstáculos auto impostos, que impedem uma pessoa ou equipa de aceder ao seu potencial.”

Por outro lado, as crenças potenciadoras, podem catapultar a performance de um atleta. O que vos parece se na mesma final, um jogador entra em campo acreditando nas seguintes afirmações?: “nasci para estes momentos de pressão”; “o passado é diferente do futuro e a história é apenas isso mesmo”; ou “vou fazer o melhor jogo da época”.

O mais importante das crenças é que as vamos mudando ao longo do tempo, o que nos confere um enorme poder de decisão. O que foca, aumenta. Se acreditarmos em coisas diferentes, podemos estabelecer objetivos diferentes, o que nos levará a agir de forma diferente, e a ter resultados diferentes. Como dizia recentemente Paulo Pereira, selecionador nacional de andebol, “para atingir objetivos ambiciosos as metas têm de ser “quase” impossíveis. Qual o limite? O limite somos nós próprios”.

Tal como as emoções influenciam a nossa fisiologia, o contrário também é verdade e aprofundar esta conexão pode tornar-se numa ferramenta muito eficaz na nossa gestão emocional. A primeira sugestão que pode ser feita é de contrariarem fisicamente quando estão em estados deprimidos. Se imaginarem a vossa postura corporal nesse estado, ela será com os ombros curvados para baixo, olhar no mesmo sentido e suspiros profundos. Nesses  momentos, manter um estado ereto, olhar para cima, respirar profundamente e sorrir ajudará a mudar o seu estado emocional.

Imaginemos o cenário ao intervalo de um qualquer jogo desportivo, em que o resultado não está favorável. Ao invés de estar sentado a escutar as palavras do treinador cabisbaixo, o atleta poderá estar de pé, a sorrir (não é o mesmo que rir), com olhar de lince para a frente e antes de entrar novamente em campo, realizar inspirações e expirações profundas (técnica de Kapalabhati de Yoga, p.ex). Isso influenciará a mudança do estado emocional. Quando jogava voleibol de alta competição, nem sempre a adrenalina estava ao máximo nos dias de jogo e no lugar de realizar o mesmo de sempre no aquecimento, começava por utilizar uma técnica conhecida por “V alto” – esticar os braços acima da cabeça durante 2 minutos e com olhar para cima. Isso ajudava a mudar o meu estado emocional. Hoje utilizo a mesma técnica antes de apresentações em público.

Para além disso, outra ferramenta poderosa para apoiar na gestão emocional é a das âncoras. A ancoragem é um processo a partir do qual a mente associa um determinado estímulo a um desempenho ou reação. Facilmente conseguimos observar algumas âncoras no mundo do desporto. Cristiano Ronaldo dá sempre o mesmo número de passos, coloca as pernas da mesma forma e faz uma respiração profunda antes da marcação de um livre direto, Rafael Nadal antes de servir toca em várias partes da cara, Michael Phelps ouve sempre hip-hop antes de entrar na piscina, e muitos jogadores entram sempre com o pé direito em campo.

Também no nosso dia a dia, podemos tomar consciência das âncoras que geram em nós emoções positivas, e ativá-las nos momentos em que precisamos.

Colocar aquela música que nos faz saltar do sofá para cantar e dançar, vestir a roupa que poderíamos usar para sair com os amigos, colocar maquilhagem, fazer a barba, ou ver as fotos daquela viagem de sonho que fizemos e fecharmos os olhos para nos imaginar lá novamente, são algumas das âncoras que podemos ativar.

Tudo o que verificamos anteriormente não significa que iremos mudar sempre e de forma instantânea o nosso estado emocional. O que proponho é que mobilizem mais vezes o vosso sistema consciente para influenciar o vosso inconsciente. Como referiu Daniel Kahneman no livro “Pensar, Depressa e Devagar”, “o nosso sistema consciente é quem pensamos que somos. Este articula juízos e faz escolhas mas, muitas vezes, adota ou racionaliza ideias e sensações que foram geradas pelo sistema inconsciente”.

Tal como os atletas, nós próprios enfrentamos dois jogos em simultâneo: o que se passa em campo (realidade) e o que vai na nossa mente.

 

Performance Consultant
Artigo retirado da Edição Especial da Game Changer – Teletrabalho

 

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