Desafios:
O teletrabalho, por si só, já tem os seus desafios e agora que partilhamos o “escritório” com a família, esses desafios podem atingir proporções épicas. Neste contexto, gerir o tempo, manter o equilíbrio e foco, estabelecer prioridades, continuar-mos funcionais e gerirmos as nossas emoções, são alguns dos desafios com os quais nos deparamos. Estes não são tempos de querermos ser os pais perfeitos, ou o colaborador perfeito. É um tempo de dar o nosso melhor mas, sobretudo, de conciliar e manter o nosso equilíbrio.
Emoções:
Os estados emocionais que vivenciamos são diversos e podem ir flutuando ao longo do dia, quer em termos de tipo de emoção, quer em intensidade. Assim, medo, raiva, frustração, esperança, culpa, coragem, angústia, entre outras podem ir e vir como ondas do mar. É normal e saudável que as deixemos fluir naturalmente sem nos deixarmos apegar excessivamente a nenhuma delas. A nossa respiração é um espelho do nosso estado emocional. Quando estamos calmos, a respiração é lenta e mais profunda; quando estamos preocupados, por exemplo, a respiração tende a ser curta, mais rápida e superficial. Neste sentido, lanço-lhe o desafio de, algumas vezes durante o dia, procurar identificar o seu estado emocional e a observar a sua respiração. Se puder feche os olhos por um momento e foque-se apenas na sua respiração. Observe a sua inspiração e expiração por cinco minutos que seja e esteja presente e focado.
Observe outros pensamentos que possam surgir e refoque a atenção novamente na sua respiração. É bem possível que esta comece, naturalmente, a ficar mais lenta e profunda.
Numa altura em que tanto se fala em solidariedade, será que tem sido solidário consigo? Até que ponto é que tem sido tolerante e compassivo em relação a si próprio? Desafie-se a questionar-se sobre isso. Ofereça a si mesmo esse presente de aceitar o que sente e de ser tolerante, compassivo e solidário consigo. É um bom caminho para podermos ser também solidários com os outros, com quem nos rodeia e não só.
Stress:
O stress está associado a emoções. O que é o stress? É uma resposta fisiológica, emocional, comportamental, cognitiva a algo que percecionamos de alguma forma ameaçador ou que sentimos que perturba o nosso equilíbrio. O stress não é algo que vem do exterior e que possamos afirmar que tenha uma causalidade apenas externa. A explicação sobre o que determina os nossos níveis de
stress, ajuda a clarificar esta ideia.
Afinal o que determina o nosso nível de stress? O que o determina é a perceção, a avaliação cognitiva que fazemos de dois elementos preponderantes: Exigências da situação e Recursos que temos para lidar com as mesmas. Imaginem uma balança de dois pratos; num prato, colocamos o quanto uma situação é exigente para nós e, no outro prato da balança, colocamos os Recursos de que dispomos. A relação entre os dois pratos da balança determina o nosso nível de stress, quanto maior o desequilíbrio entre os pratos da balança, maior o stress. Por outro lado, se estes pratos estiverem mais equilibrados, significa que o nível de stress é menor.
Esta conceptualização coloca em nós o poder e responsabilidade de podermos diminuir os nossos níveis de stress. O stress está intimamente relacionado com a nossa perceção de controlo sobre as situações.
Como posso então aumentar a minha perceção de controlo e diminuir os meus níveis de stress? Posso aprender a olhar para a situação e exigência de forma diferente e todos nós já passámos por desafios que encarámos como muito exigentes e passado algum tempo, o mesmo desafio já não se apresenta com o mesmo peso. Aprendemos assim a olhá-lo de outra forma e já percecionamos essa exigência de forma diferente. Outra ferramenta que temos é aumentar e/ou desbloquear os nossos recursos para lidar com as situações.
E é precisamente com alguns destes recursos que o deixo:
- Estabelece Rotinas;
- Define um espaço físico;
- Faz pausas;
- Estabelece códigos;
- Desliga as notificações;
- Pede ajuda;
- Partilha responsabilidades;
- Alimenta-te de forma saudável;
- Dedica tempo de qualidade aos teus filhos;
- Promove o exercício físico;
- Reserva um tempo para ti;
- Planeia;
- Estabelece rotinas.
Consultora organizacional e Psicóloga Clínica
Artigo retirado da Edição Especial da Game Changer – Teletrabalho
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