A MAKEEN Energy é uma empresa global líder de mercado no setor da indústria energética, determinada a desempenhar um papel ativo na transformação sustentável do mercado de energia, concentrando os seus esforços no desenvolvimento de soluções de energia responsáveis que façam a diferença para as pessoas e para o planeta.
A GAME CHANGER, entrevistou Inês Neto, Continuous Improvement Manager da MAKEEN Energy, para saber de que modo os dados são utilizados para processos de tomada de decisão na organização.
Siga a entrevista:
Game Changer (GC) – Que tipos de dados a MAKEEN Energy utiliza para tomar decisões operacionais? Como são recolhidos, armazenados e analisados esses dados?
Inês Neto (IN) – Existem vários tipos de dados que podem ser utilizados para tomar decisões operacionais na MAKEEN Energy, tais como:
- Dados de Vendas:
Informações sobre as vendas realizadas num determinado período, o segmento dos produtos e serviços fornecidos, quantidades vendidas e portfolio por cliente; - Dados Financeiros:
Informações sobre fluxo de caixa, lucro líquido, margem de lucro e custos operacionais;
- Dados de Mercado:
Informações sobre o mercado em que a empresa atua, como concorrência, tendências de consumo e oportunidades de negócios; - Dados de Satisfação do Cliente:
Informações sobre a avaliação dos clientes em relação aos nossos produtos e serviços oferecidos; - Dados de Produção:
Informações sobre o tempo de produção, quantidade de produtos produzidos, desperdícios e evolução do programa de conservação de ativos; - Dados de Recursos Humanos:
Informações sobre o número de funcionários, absentismo, rotatividade, produtividade e formação.
Os dados podem ser coletados com recurso a diferentes ferramentas e sistemas, dependendo da sua fonte, público-alvo para a análise e nível de segurança (confidencialidade) a que os dados estão sujeitos.
A nossas operações podem ser classificadas em duas áreas: operações de backoffice e operações de “chão de fábrica”.
As operações de backoffice suportam a tomada de decisão em assuntos de estratégia e gestão de topo da empresa. Têm especial relevância os dados de vendas, os dados financeiros, os dados de mercado e os dados de satisfação de cliente.
Estes dados são recolhidos através do processo normal administrativo e financeiro da empresa, suportado por um sistema informático ERP (IFS), que nos deixa manipular as informações de modo a apoiar a gestão. Os dados de mercado e de satisfação de cliente são recolhidos através da interação da nossa equipa de vendas com o mercado, através de recolha de informação em redes sociais, conferências e literatura especializada.
As operações de “chão de fábrica” destinam-se às tomadas de decisão mais imediatas, tipicamente ligadas à performance de uma unidade industrial. Estes dados podem ser colhidos através do simples registo em formulários de papel, quadros informativos e através da aquisição direta de dados nas máquinas de produção, que estão ligadas a um Data Collector.
GC – De que modo a MAKEEN Energy utiliza os dados para otimizar o seu negócio? É possível partilhar alguns exemplos de como a análise a utilização de dados para tomadas de decisão trouxe melhorias operacionais?
IN – A nossa função principal é o enchimento de garrafas de gás. Para a otimização das nossas operações, apostamos em 3 pontos fulcrais:
- Planeamento;
- Organização das Equipas em Células de Tomada de Decisão Autónomas (células de cerca de 5 pessoas);
- Conservação de Ativos;
Para conseguirmos planear as nossas operações, temos acesso ao inventário de garrafas de gás num sistema cloud, que a todo o momento nos informadas quantidades de garrafas recebidas e expedidas, garrafas operacionais cheias e vazias e necessidade de garrafas a expedir por tipo. As nossas máquinas comunicam com o sistema de aquisição de dados, que afetam o inventário. No processo de receção e expedição de garrafas, as entradas e saídas em sistema são dadas por colaboradores que verificam as cargas.
No que respeita à organização das Equipas, dotamos as nossas linhas de produção com quadros dinâmicos de informação, alimentados pelos próprios residentes de cada linha produtiva. Os quadros são do tipo de quadros escolares, onde se pode escrever e apagar sem dificuldade. Usamos este sistema, pois temos muitas restrições no uso de tecnologia elétrica, pois no meio de uma estação de enchimento de gás, todas as fontes de uma possível faísca são estritamente controladas.
Para a conservação de ativos, usamos software de manutenção desenvolvido por nós, que nos fornece informações do tipo MTBF (Mean Time Before Failure), MTTR (Mean Time to Repair) e quais os equipamentos mais críticos em termos de repetição de falhas.
No geral, monitorizamos o OEE (Overall Equipment Effectiveness) que é um indicador de desempenho que mede a eficiência global dos equipamentos nas linhas de produção. O objetivo do OEE é avaliar como as máquinas estão a ser utilizadas, identificando oportunidades para melhorar a eficiência e reduzir os custos.
O OEE é calculado a partir de três componentes principais:
Disponibilidade: indica a percentagem do tempo em que o equipamento está disponível para operação. É calculada dividindo o tempo de disponibilidade pelo tempo total programado para o equipamento. Estes dados são fornecidos através do nosso sistema de data collection, que nos indica sempre que uma máquina para.
Desempenho: indica a eficiência com que o equipamento está a ser utilizado durante o tempo em que está disponível. É calculado dividindo a quantidade produzida pelo tempo de produção real e comparando com a produção esperada para o mesmo período. Também com o data collector, temos acesso a um dashboard onde é comparada a produção teórica com a produção real.
Qualidade: indica a qualidade dos produtos produzidos pelo equipamento. É calculada dividindo o número de produtos bons pelo número total de produtos produzidos.
O OEE é obtido multiplicando os três componentes: Disponibilidade x Desempenho x Qualidade. O resultado é um valor percentual que indica a eficiência geral do equipamento em relação ao seu potencial máximo.
O OEE é uma ferramenta poderosa para melhorar a produtividade e reduzir os custos numa linha de produção, pois ajuda a identificar onde estão os gargalos e oportunidades de melhoria. Além disso, o OEE também pode ser usado para comparar o desempenho de diferentes equipamentos ou linhas de produção dentro da nossa empresa.
GC – Como a MAKEEN Energy incorpora e enquadra a análise de dados dentro da sua estratégia? Os dados são usados de alguma forma para prever falhas/erros ou evitar situações não planeadas?
IN – Sem dúvida. Um caso concreto é o nosso programa de conservação de ativos, onde monitorizamos a degradação dos equipamentos com o uso, apoiando a decisão de investimento em manutenção extra plano de manutenção preventivo, ou mesmo a troca do equipamento por um novo.
Outro caso é o estudo da evolução do OEE. Quando obtemos variações, estudamos a fonte, que pode ser qualquer uma das 3 variáveis que contam para o seu cálculo.
GC – Utilizam dados para efetuar uma gestão de fornecedores e garantir a qualidade dos produtos e serviços que recebem? Quais os principais indicadores de desempenho utilizados para avaliar a qualidade desses mesmos fornecedores?
IN – A avaliação dos nossos fornecedores é um pilar fundamental na nossa gestão. Mais do que uma relação de cliente/fornecedor, apostamos em parcerias estratégicas que nos ajudem a oferecer melhores resultados aos nossos clientes. Para isso, os nossos fornecedores têm que estar alinhados a todo o momento com os nossos padrões.
Tipicamente avaliamos o cumprimentos dos prazos de entrega, a relação qualidade/custo e o serviço pós-venda.
GC – Como medem o sucesso dos vossos esforços em todos o processo de recolha, tratamento e análise de dados? Quais os principais indicadores de desempenho usados para avaliar o impacto do uso de dados nas operações da organização?
IN – O processo de digitalização de dados e a organização lean dos nossos processos, está em permanente evolução.
O maior sucesso na recolha, tratamento e análise de dados consistiu no aumento exponencial de decisores na nossa organização. Em vez de termos uma recolha central de dados, a ser usada por uma estrutura central de decisores, apostamos na classificação dos dados consoante a sua facilidade de obtenção e local onde são mais úteis.
Através do nosso processo interno de Melhoria Contínua, mapeamos todos os processos e chegamos à conclusão que uma organização ágil só pode funcionar se cada interveniente estiver alinhado, informado e tiver poder de tomada de decisão.
Decisões que demoravam horas, neste momento são imediatas.
GC – Consegue dar-nos exemplos práticos em que realizou tomadas de decisão suportadas por dados? Que resultados e benefícios retirou?
IN – Recuperamos o tema da gestão de ativos. Já substituímos máquinas que andamos meses a fio a reparar. Com o acesso a dados, conseguimos tomar decisões de investimento, que se mostraram financeiramente vantajosas para a nossa empresa.
GC – Como prevê a evolução do uso de dados na tomada de decisões ope- racionais da Makeen Energy nos próximos anos? Quais as tendências que acredita que irão impactar mais a forma como a organização utiliza dados para tomar decisões? Que desafios pode enfrentar ao tentar implementar novas tecnologias e práticas de análise de dados?
IN – “Dados são poder”. Acreditamos que para termos super colaboradores, temos que os dotar de informação fácil de recolher, relevante para as suas funções e para o futuro da organização.
A motivação vem muitas vezes do sentimento de pertencermos a algo onde temos influência e podemos ver os resultados da nossa tomada de decisão.
A nível central, estamos bem equipados com sistemas de informação, políticas de segurança e interfaces amigáveis.
O grande desafio está no “chão de fábrica”, onde o uso de dispositivos como tablets, computadores e monitores é de difícil implementação por razões de segurança. Trabalhamos num ambiente que pode ser potencialmente explosivo.
Existem soluções no mercado que estão preparadas para trabalhar nestes ambientes, mas o seu custo é elevado.Mesmo assim, estamos a avaliar os benefícios do investimento em tecnologia especial, pois os resultados com ferramentas rudimentares foram de excelência, imagine se com tecnologia amigável!
Entrevista com Inês Neto,
Continuous Improvement Manager, MAKEEN Energy
Descarregue aqui a 18ª Edição da Revista Game Changer
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