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22 de Dezembro de 2021

Entrevista com Filipe Cordeiro – Acredita Portugal – Game Changer 14

Esta entrevista foi realizada em Outubro de 2021.

Formado em Economia, Filipe Cordeiro é atualmente Head of StartUps e Chief Financial Office (CFO) da Associação Acredita Portugal que tem como objetivo promover o empreendedorismo dentro do nosso país.

Nesta entrevista à Game Changer dá-nos a sua opinião acerca de como encontra o estado do empreendedorismo em território nacional e o papel que a Acredita Portugal tem assumido e desempenhado dentro deste prisma ao longo dos últimos anos.

1- Como avalia a evolução do empreendedorismo no panorama nacional?

FC – O Empreendedorismo apenas começou a ser realmente falado a partir de 2012 e desde então registou-se um grande crescimento daquilo que é o apoio, daquilo que é a palavra empreendedor e o conceito de empreendedorismo foi crescendo ao longo dos anos.

Atualmente, existem cada vez mais programas, mais entidades a apoiar, mais empresas a aparecer, e o peso das pequenas/médias empresas na economia é gigantesco.
Em 2018 a nossa associação fez um estudo que revelou que as empresas que passaram pela Acredita Portugal nos últimos 10 anos (entre 2008 e 2018), registavam um peso que se situava entre os 0,30% e os 0,70% do PIB português a nível de facturação.

O caso dos 5 unicórnios Portugueses reflete igualmente esta aposta cada vez maior nas StartUps e agora existe também a decisão, da Comissão Europeia, de localizar a Europe Startup Nations Alliance em Lisboa. Tudo isto demonstra que há um conjunto de iniciativas que estão a ser feitas e que refletem um pouco este desenvolvimento económico e do ecossistema empreendedor português.

Entidades como a StartUp Portugal e StartUp Lisboa apareceram em 2012, e a partir daí começaram a aparecer cada vez mais, incubadoras, coworkings, as Camâras Municipais com um apoio cada vez mais próximo…

Nota-se claramente que há uma evolução do ecossistema, existem cada vez mais instituições que prestam mais apoio… e os empreendedores portugueses felizmente são criativos. Temos criativos muito bons, muito bons empresários e há muitos que não estão em território nacional, que vão para o estrangeiro, por exemplo a Daniela Braga faz parte do Comité de Inteligência Artificial do atual Presidente dos Estados Unidos da América, Joe Biden. É realmente algo de impressionante, e se pensarmos sobre isso não é normal, um país com 10 milhões de habitantes ter tantas pessoas a dar cartas  no estrangeiro, e mesmo a nível nacional… termos 5 unicórnios é algo fantástico e que reflete exatamente a evolução do setor do empreendedorismo em Portugal.

2- Apesar dessa grande evolução, o que pode ainda ser feito para que exista uma maior e melhor aposta de forma a promover ainda mais o empreendedorismo em Portugal?

FC- Portugal tem uma boa estrutura, apesar de um regime fiscal um pouco complicado e a burocracia não facilitar muito… Era bom que neste aspecto existisse alguma flexibilização para as empresas, porque de resto já existe uma estrutura de apoio, apenas falta capacitar ainda mais as pessoas, fazer-lhes entender que não é só ter a ideia e o dinheiro, é um bocado mais do que isso.

Montar um negócio não é simplesmente ter a ideia e esperar que o dinheiro caia do céu; as coisas não funcionam desta forma. Ao longo destes últimos 5 anos na Acredita Portugal, tenho tido esta conversa de forma recorrente com empreendedores e a minha principal missão junto deles é ajudar a mudar este mindset; mostrar-lhes que, sim existe a ideia, mas tem que ser posta em prática, têm de fazer acontecer e não ficar à espera que o dinheiro apareça. Porque mesmo que exista apoio a nível financeiro, se o projeto não for bem montado, nem bem explicado, sem conseguir de alguma maneira agregar valor aos stakeholders, ele não vai funcionar, o dinheiro não vai chegar e o problema está aqui, em fazer entender esta parte.

Sinto que atualmente existe no ecossistema um conjunto de entidades que apoiam muito numa fase em que estas dúvidas já foram ultrapassadas, há um conjunto de incubadoras, coworks, conjuntos de programas de inovação, de aceleração, de ideação, mas tudo na fase em que se assume que a pessoa já tem este conhecimento básico, o que não acontece…e é nessa parte essencial que a Acredita Portugal se posiciona: o nosso foco não é apoiar aquela StartUp que já tem um produto validado e quer entrar no mercado (também o fazemos quando acontece), é exatamente apanhar estas pessoas que estão na dúvida e que de certa forma se encontram perdidas, mas que precisam de apoio por alguma razão: porque querem empreender, porque querem mudar de vida ou sentem que precisam de ter algum propósito para além do seu trabalho das 8h00 às 18h00. Esta também é aquela dor que os empreendedores sentem e pensam, mas que é outra falácia. Acham que vão empreender para não ter um patrão ou que vão empreender para ficar ricos, isto não acontece, são ideias pré-concebidas que as pessoas têm, as coisas para serem bem sucedidas serão sempre resultado de muito trabalho. A propósito disto há uma expressão muito feliz que é “um empreendedor trabalha 80 horas para não ter de trabalhar 40 horas”, mas é isso que sinto… há este desconhecimento, e penso que falta um bocado de apoio não só naquilo que é a StartUp – e as StartUps, claro que são ótimas, têm um crescimento exponencial muito maior, potencial de negócio também ele muito maior, escalabilidade, etc… – a questão aqui é: e os outros pequenos empreendedores?

Não existe este tipo de apoio para estas pessoas, qual a entidade que apoia isto? Uma IAPMEI que tem a sua informação, tem fundos e uma equipa que dá algum tipo de apoio mais local, mais pessoal, mas não há muito mais do que isso. Importa realçar o papel importante e interessante que a ANI tem desempenhado ao trazer para a Ciência e para os doutoramentos e mestrados esta componente do empreendedorismo, mas falta um pouco mais…

Seria preciso uma estratégia que ligasse de melhor forma as universidades ao setor privado do ecossistema empreendedor, e mais programas não só focados em StartUps obviamente, que alterassem um pouco mais a mente dos empreendedores e de quem pretende empreender.

3 – Relativamente a esse mindset que falta numa fase inicial a muitos potenciais empreendedores, que características destacaria como essenciais e como considera que deve ser o mindset de um empreendedor de sucesso?

FC- Se formos ao Google e procurármos as características de um empreendedor observamos um conjunto de clichês: a resiliência, a capacidade de liderança, a automotivação entre outras… e apesar de serem clichês são também importantes, são efetivamente características que um bom empreendedor deve possuir, mas há uma que muitas vezes nos escapa e eu gosto muito de utilizar esta expressão que é a seguinte “um empreendedor deve ser um chato, não há outra expressão, deve ser aquela pessoa que está constantemente a questionar “porquê?”, eu faço um pouco isso e considero-me um empreendedor exatamente por isso, porque sou um chato, porque alguma coisa me acontece e pergunto “o porquê?” , e não ter medo de perguntar… quando não sei, pergunto.

Falo por experiência própria, dou aulas a pessoas que se encontram em situação de desemprego e que querem lançar os seus negócios e sinto que há muita resistência no “porquê”, quando se pergunta numa aula, “têm alguma dúvida? Querem que esclareça alguma coisa?” todos ficam calados e parece que entenderam, mas depois quando vamos colocar em prática ninguém sabe, aí é que começam a aparecer as dúvidas… ainda há muita resistência nota-se muito receio no questionar, medo de errar, de assumir, e a meu ver estas são as verdadeiras características que um bom empreendedor deve ter: saber perguntar, ter uma curiosidade intrinseca, estar constantemente à procura do erro ou da solução; o não ter medo de perguntar é também fundamental e acho que é uma componente que falta um pouco…não é o ter medo de arriscar, porque isso devemos ter todos, ter medo é ter respeito e o risco é algo de muito importante nos negócios.

Há uma geração de novos empreendedores que está a começar agora a fugir um pouco a esta situação. Para dar um exemplo muito concreto, uma StartUp portuguesa que arrancou há cerca de 1 ano e meio que é a Bloq.it, já está a exportar para 14/15 países e ainda outro dia falei com um dos fundadores da empresa e ele é muito jovem tem 23 anos. Eu com a idade dele ainda estava a terminar a Faculdade sem saber o que ia fazer da vida e é interessante ver que já há um conjunto de pessoas com um mindset completamente diferente. Acho que isto é derivado de alguns players no mercado que começam a aparecer com cada vez mais programas, mais conhecimento daquilo que se passa fora do nosso país.

Nós também tivemos muitos anos voltados para o ecossistema português, para aquilo que se faz em Portugal e estávamos aqui “presos”, agora começa a haver aqui esta dinâmica mais globalista: O empreender global, que é algo de importante e que vem trazer outras visões, experiências, outras formas de ver o que é o empreendedorismo e isto é completamente relevante no mindset do empreendedor.

Esta capacidade de conseguir chegar a conclusões e de questionar o que se passa à nossa volta, muitas vezes fica esquecida –por vezes vem condicionada do passado; por exemplo quando alguém levantava a mão na escola e era apelidado de “burro”, mas no final de contas quem aprendeu naquele dia foi quem levantou a mão e esclareceu as suas dúvidas.

Portanto acho que são estas 3 grandes características para além daquelas que se encontram na internet, o perguntar, o não ter medo de perguntar e estar constantemente inconformado com o que se passa à sua volta e ter a noção do risco, saber quando podemos ou não arriscar e procurar informação para poder tomar decisões.

4 – Atravessamos ainda uma fase complicada devido à pandemia, que impactos teve a Covid-19 no setor do empreendedorismo?

FC – Podemos olhar para a pandemia de duas formas diferentes, por um lado como algo de extremamente negativo que destruiu a economia portuguesa e que aumentou a taxa de desemprego, entre outras calamidades, ou podemos olhar como um factor de transformação, e uma oportunidade…

Eu prefiro esta segunda perspetiva, apesar de reconhecer que houve um impacto muito grave na saúde pública, na economia e em diversas vertentes. Mas considero que trouxe um conjunto de outras coisas que ninguém pensava e veio acelerar vários processos que já existiam, mas que não estavam a ser pensados para acontecer tão rápido, como é o caso da digitalização das empresas ou do trabalho remoto.

Quando falo com alguns empreendedores, pessoas até um pouco mais velhas que trabalhavam nas suas empresas, que ficaram prejudicados em termos de emprego, ficaram em casa, tiveram os lay-offs, tenho sentido que existe uma abertura muito maior ao empreendedorismo. Chegam àquela questão “será que é só isto que é a vida?”, “será que devo arriscar aqui alguma coisa e aproveitar esta oportunidade”. Apareceu aqui um conjunto de fatores que efetivamente abre espaço para a inovação. A digitalização foi algo aqui muito importante, porque tínhamos o pequeno comerciante que vendia cenouras e batatas à porta da rua e agora tem um site, facebook, instagram, é uma coisa incrível, as pessoas estão cada vez mais no online, o crescimento do e-commerce foi algo fora do normal.

Qualquer pessoa que deseje um dia empreender tem de olhar para isto como uma oportunidade, porque as crises existem, não foi a primeira e não há de ser a última, esperemos que não exista outra tão cedo, mas isto é ciclíco e é importante referir que os maiores crescimentos económicos e tecnológicos surgiram sempre após grandes problemas. Depois das grandes guerras mundiais, foi quando se registaram grandes avanços a nível da tecnologia e foi quando tivémos as fases de maior crescimento económico.

É importante olharmos para isto como uma oportunidade, e uma expressão que me chega muitas vezes dos empreendedores é também “onde é que há dinheiro para montar um negócio?”, que é outro erro, acabam por começar ao contrário, começam pelo fim… as pessoas pensam “vêm aí um fundo, vem o PRR vai-me ajudar a lançar o meu negócio”. Não, errado… Têm que lançar o seu negócio e depois podem escalá-lo através do apoio financeiro, mas as pessoas não pensam assim.

As pessoas estão todas curiosas acerca da tal bazuca que toda a gente fala e ainda não chegou e então está tudo preocupado com isso, mas o conselho que eu dou é: Façam o processo ao contrário, montem o negócio, validem um problema, arranjem um segmento de clientes, percebam como podem criar e agregar valor para esse segmento e para os vossos stakeholders e a partir daí montam um projeto, entram no mercado e aí sim é que arranjam o fundo para fazer crescer o projeto.

5 – Quer desenvolver um pouco a forma como a Acredita Portugal apoia e impulsiona o aparecimento de StartUps dentro do nosso país?

FC – Sim, a Acredita Portugal surgiu em 2008, na altura no pico da crise nos Estados Unidos a chamada “Crise do Subprime” que afetou e teve repercurssões por todo o mundo. Na altura o José Miguel Queimado, que é o nosso Presidente e Fundador da Acredita Portugal, tinha um conjunto de amigos e conhecidos que estavam a ficar desempregados e perguntava sempre “estás nessa situação, porque que não aproveitas o subsídio desemprego adiantado e montas um negócio nesta área em que trabalhaste? És especialista nesta área e para ti pode haver uma oportunidade e resultar em algo de positivo”. Havia um padrão de resposta que era quase sempre mais ou menos a mesma “sim, eu até percebo muito disto, mas não percebo nada de como se monta uma empresa”.

Na altura ele juntou alguns amigos que eram consultores e resolveu criar uma estrutura que desse apoio a estas pessoas, sendo que se cada um deles conseguisse ajudar 2/3 empreendedores ao longo de um ano, seriam cerca de 30 empreendedores que conseguiriam ajudar e dar algum contributo a estas pessoas.

No entanto existia um problema: É que na altura, não havia StartUp Lisboa nem StartUp Portugal, ninguém falava em StartUps, havia o IAPMEI que tinha um conjunto de pacotes e programas, mas também não tinha a exposição nem o papel que tem hoje em dia… E portanto não havia uma entidade que desse suporte aos empreendedores, e o posicionamento da Acredita Portugal foi o de ajudar qualquer pessoa que tivesse uma ideia de negócio a arrancar com o seu projeto.

O “problema bom” foi que apareceram 700 pessoas, e o José Miguel não tinha 700 amigos, não conseguia constituir uma equipa que desse possibilidades para ajudar esse número de pessoas… portanto chamei de “problema bom”, porque por um lado eles demoraram 2 anos a resolver mas acabaram por ajudar todas as pessoas; a coisa acabou por acontecer e perceberam que havia aqui uma necessidade e uma oportunidade de negócio.

Foi também para combater este tipo de necessidade que surgiu uma ideia de negócio por parte da equipa da Acredita Portugal que foi a plataforma que nós utilizamos hoje em dia, a Dreamshaper, uma StartUp que já fatura 2 a 3 milhões e que está em cerca de meia dúzia de países. Hoje em dia, já é vendido de uma forma diferente, tem um propósito diferente mas a tecnologia é a mesma, desde aí temos vindo a fazer crescer o curso, este ano terminámos há umas semanas a 11ª edição.

Já apoiámos mais de 100 mil empresas ao longo da última década, portanto temos tido em média 10/11 mil empresas que passam por nós todos os anos. E estamos a falar de uma média de equipa de 2,6 pessoas… Então nós apoiamos cerca de 25 mil pessoas por ano a lançar os seus negócios. Obviamente tudo num formato digital numa primeira fase, na plataforma da Dreamshaper; depois fazemos um conjunto de reduções até chegarmos a um grupo final que posteriormente passará num programa de aceleração realizado por nós e por alguns parceiros. Temos um programa que apoia durante 3 meses aqueles projetos numa base diária. Todos os outros que vão ficando para trás têm, ainda assim, acesso à plataforma que passa por aquele processo de criação de um modelo de negócio e de um plano de negócios.

Na Acredita Portugal temos também uma equipa para esclarecer todas as dúvidas via e-mail, outra para fazer sessões de mentoria semanais com eles, além de um conjunto de formações extra, vídeo aulas… E passam por todo este programa para se capacitarem, que é aquilo que nós pretendemos: Que cheguem ao final com o seu plano de negócios. Obviamente que não chegam aqueles 10 mil que se inscrevem, os que chegam ao fim serão cerca de 1500 e desse número conseguimos selecionar os 20 melhores projetos, que são os que passam para aquele programa onde nós damos de forma mais one-on-one apoio.

A Acredita Portugal funciona como uma plataforma de capacitação dos empreendedores portugueses, claro que também temos as nossas limitações, como associação também somos uma equipa reduzida e com um financiamento também ele mais reduzido, mas ainda assim acredito que não há dentro do nosso país outra entidade ou programa que impacte tanta gente e a uma escala tão grande em termos dimensionais, por isso é que considero que temos um papel muito importante neste aparecimento e capacitação inicial dos empreendedores.

Agora temos a nossa incubadora de empresas em Vila Nova de Gaia e já começamos a diversificar um pouco mais os nossos serviços, temos um programa, o Aceler@Tech onde trabalhamos no setor do turismo e em parceria com o Turismo de Portugal para captar empresas estrangeiras que pretendam vir para Portugal lançar pilotos e o seu negócio e portanto já começa a haver aqui um acompanhamento um bocado diferente numa fase pós-ideação.

6 – Falou do vosso projeto de incubação em Vila Nova de Gaia quais os resultados práticos desta aposta?

FC – Da mesma forma que existiu uma grande crise em toda a economia, a Acredita Portugal também sofreu com esta crise. Este projeto foi lançado em 2018, e foi dando os seus primeiros passos de forma mais lenta, visto que os espaços que foram cedidos pelo munícipio de Gaia e este processo demorou um pouco até ficar tudo finalizado.

Somos certificados pelo IAPMEI para termos o StartUp Visa para trazermos pessoas de fora e já tinhamos também 3 projetos do estrangeiro, mas entretanto surgiu a pandemia e acabamos por parar um pouco a operação. Posteriormente demorámos também um período entre 6 a 8 meses para conseguir recuperar e relançar os projetos para passar tudo para o online, portanto o projeto ficou um pouco em stand-by durante alguns meses, mas conseguimos recuperar.

Neste momento temos cerca de 20 empresas incubadas tanto digitalmente como fisicamente, e o projeto começa agora a dar alguns frutos. Já temos uma “pequena equipa” de StartUps… e há coisas engraçadas. Uma das empresas está a trabalhar com um público muito interessante, que são as pessoas de baixo rendimento, e estão a criar uma plataforma que dá apoio e capacitação a estas pessoas para se requalificarem através da gamificação e depois da procura de emprego. Outra (a Ensmile) é uma StartUp Paquistanesa que vende uma espécie de aparelho amovível para corrigir imperfeições nos dentes. Começam a aparecer algumas coisas engraçadas, vindas do estrangeiro, e cá em Portugal nós temos também um foco muito grande para as StartUps com projetos de impacto social, porque na Acredita Portugal valorizamos sempre esta vertente mais social. Damos um apoio especial a esta componente, mas temos sempre ali uma grande variedade – tecnologia, social, saúde e portanto trabalhamos um pouco em cada uma das áreas, não fechamos as portas a ninguém e esse foi sempre o nosso posicionamento. Obviamente que existem projetos onde temos mais experiência na área e conseguimos oferecer um maior suporte, mas quando não o temos também procuramos externamente quem o faça.

7 – Falou do Programa Aceler@Tech que está direcionado para projetos de inovação na área do turismo, e o país depende bastante deste setor, quer aprofundar um pouco mais esse projeto?

FC – O Aceler@Tech é um programa financiado pelo Turismo Portugal, e eles atribuem uma bolsa de funcionamento para entidades que se candidatem para fazer programas de inovação, aceleração e de ideação, tanto nacional como internacional, de forma a captar talento interno ou externo. O ano passado pensámos que internamente já tinhamos o programa da Acredita Portugal, mas acreditamos que o Turismo é o principal setor de investimento dentro do nosso país, e decidimos lançar-nos ao desafio de fazer este programa.

Posso dizer-vos que foi um programa desafiante, algo de diferente, que fugiu àquilo que estávamos habituados a fazer, mas considero que para uma primeira vez o sucesso foi gigantesco e o feedback que recebemos foi extremamente positivo. Das 20 empresas que estiveram presentes na fase final temos pelo menos 4/5 delas que já se estão a preparar para vir para Portugal, o que é ótimo e demonstra que existe muito interesse por parte dessas entidades em continuar com o nosso apoio e ajuda.

E o objetivo do programa foi exatamente esse: Mostrar o que Portugal tem para oferecer a estes empreendedores, que oportunidades existem dentro do nosso país que possam ser capitalizadas para que as pessoas venham para cá. A Acredita Portugal disponibiliza todo o apoio a partir de Gaia e abre as portas de grandes players nacionais que sejam necessárias.

8 – O que se segue para a Acredita Portugal no futuro, quais os próximos projetos?

FC – Esta entrevista calha numa fase engraçada, estamos numa fase de mudança, visto que acabámos um ciclo de programas e vamos iniciar outro ciclo, mas o desafio será conseguir manter o impacto social que a Acredita Portugal tem. Por mais que mude a instituição, a operação, ou as pessoas que estão à frente da nossa associação, o foco será sempre esse: a capacitação dos empreendedores portugueses.

Estamos a finalizar o programa do próximo ano, mas garantidamente temos fechada mais uma edição do Concurso do Banco Montepio Acredita Portugal, que será a 12ª. Nos primeiros meses de 2022 certamente já existirão novidades em relação a datas.

Relativamente ao programa do Aceler@Tech fizémos nova candidatura, estamos de momento à espera de aprovação, e tendo em conta o feedback que temos por parte dos projetos e por parte do próprio Turismo de Portugal, nada nos faz crer que não haverá uma 2ª edição.

Portanto, neste momento continuamos com estes 3 grandes projetos, o Concurso da Acredita Portugal em parceria com o Banco Montepio, o Programa do Aceler@Tech e a incubação fisíca em Vila Nova de Gaia para conseguirmos dar um apoio mais presencial.

 

Filipe Cordeiro
(à data) Head of Startup e Chief Financial Office, Associação Acredita Portugal

Descarregue aqui a 14ª Edição da Revista Game Changer

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