fbpx
19 de Fevereiro de 2021

Game Changer 11 – Entrevista com Tomaz Morais

Licenciado em Educação Física, foi um ex-jogador internacional de rugby, mas foi como selecionador e treinador nacional da modalidade que atingiu um maior patamar de notoriedade, tendo conseguido alcançar os maiores feitos internacionais da história do rugby português. Em 2010, deixa o cargo, que ocupava já desde 2001 para assumir funções como Diretor Técnico da Federação Portuguesa de Rugby.

As suas capacidades comunicacionais permitiram-lhe que desempenhasse outras funções como professor universitário e palestrante organizador de ações de formação em empresas sobre gestão de equipas, liderança, motivação.

Mais recentemente assumiu funções no Sporting Clube de Portugal onde é o Diretor do Futebol de Formação da Academia.

 

A ida para as seleções nacionais de rugby de 15, sevens, sub-20 e sub-21, foi uma escolha espontânea ou foi condicionada ou incentivada por algum acontecimento na sua vida?

TM- Comecei a colaborar com a FPR a convite de uma pessoa com responsabilidades diretivas que acreditou que o meu trabalho e a minha liderança poderiam ser aquilo que as nossas seleções precisavam no momento. Comecei com a Seleção de XV e Sevens, o restante veio por inerência da função que já exercia.

Pela sua mão, Portugal venceu em 2004 o “Torneio das Seis Nações B” em 15 e a equipa de sevens conquistou cinco campeonatos da Europa. De que forma a sua liderança teve impacto nestes resultados?

TM- Qualquer liderança tem impacto na escolha de um caminho estratégico, na motivação e no compromisso de quem faz parte da equipa. Como elemento da equipa, o líder é o principal responsável por criar orientação, através do estabelecimento de uma visão e definição de objetivos, e de agregar todos sem exceção, cada um no seu papel, rumo a esse destino. Se um líder, através do seu exemplo, não conseguir chegar a todos passando a sua mensagem e conquistando cada contributo dificilmente tem a equipa a rumar no mesmo sentido e com o ritmo necessário para se concretizar a missão. Sempre tentei incutir muita alma e atitude nas minhas equipas, através da estimulação do espírito de sacrifício, do estímulo de boas relações, de uma comunicação fluida e assertiva que os levasse a acreditar na superação e na força do “Crer”. Em conjunto percebemos que a paixão com trabalho duro nos iria trazer grandes alegrias para deixarmos um legado.

Na área desportiva, na sua opinião, quais as “regras de jogo” (game changer, tal como o nome da revista) que necessitam ser alteradas?

TM- Todas as que não façam a equipa ser eficaz, que promovam o individualismo excessivo, o egocentrismo e que não a faça funcionar para a razão objetiva para a qual foi criada. Uma equipa nunca está totalmente concretizada, ela é um sistema dinâmico que tem que ser constantemente ajustado para conseguir a adaptação necessária às adversidades que continuamente surgem ao longo da vida de uma equipa. Acredito que em equipa podemos atingir tudo se efetivamente trabalharmos como um só!

Há alguns anos que se iniciou como palestrante em empresas. O que o motivou a dar palestras?

TM- Inicialmente um pedido de um amigo que me desafiou a falar para a empresa onde trabalha, pediu-me que fizesse uma comparação entre o mundo desportivo de alto rendimento e a vida empresarial. A experiência correu bem e foram surgindo mais desafios nesta área. Hoje o que me motiva são essencialmente as pessoas com quem partilho a minha experiência. Gosto muito de comunicar e isso, em si mesmo, é a maior das motivações.

Quais os principais desafios que encontra nas organizações por onde tem passado?

TM- As empresas com quem tenho colaborado pedem-me que fale de diferentes temas que me apaixonam: Equipas! Liderança! Pessoas! Superação! Atitude… O principal desafio por vezes são as condicionantes que me colocam, como o tempo disponível ou condições de espaços, onde tenho de fazer essas intervenções…

Qual o desporto da sua vida?

TM- Todo o que me faça sair da minha zona de conforto mas sem duvida o Rugby enquanto jogador e o Padel que pratico quando a agenda permite, são duas grande paixões das quais não abdico. A indústria do futebol tem sido a todos os níveis desafiante, apaixonante do ponto vista estratégico e funcional.

Quais as skills que destaca como sendo um fator diferenciador e que lhe permitiram ser nomeado em 2004 para “Melhor Treinador do Mundo” pela Internacional Rugby Board?

TM- O pensamento criativo, a liderança partilhada e a empatia que consegui com os meus atletas, a comunicação interna e externa que precisámos para conseguir alcançar os nossos feitos, o rigor e a determinação que impusemos na luta pelos nossos objetivos… mas claro sem a paixão de vestir e sentir a camisola nenhum skill funciona.

Que balanço faz dos últimos 10 anos da sua carreira profissional?

TM- Muito positivos em todas áreas das minhas atividades profissionais, acho que tive uma capacidade excecional de explorar e conhecer bem as minhas competências. Soube potenciá-las e com isso conquistar bons resultados.

Daqui a dez anos como se vê? Gostaria de fazer algo diferente ou complementar a carreira com outra área?

TM- Mais forte pessoal e profissionalmente. Quero evoluir em todas as áreas mantendo-me atualizado, com uma vontade diária de aprender, e a ambição de sempre. Nunca coloquei limites àquilo que faço por isso gosto de viver de braços abertos para acolher todos os desafios e oportunidades!

Descarreque aqui a 11ª Edição da Revista Game Changer