Num sector onde a única constante é a mudança, a formação contínua nas Tecnologias de Informação (TI) deixou de ser uma vantagem competitiva para se tornar uma condição de sobrevivência. O impacto da automação e da inteligência artificial (IA) está a redesenhar o mercado de trabalho a um ritmo nunca antes visto. Neste contexto, importa refletir: estaremos nós – profissionais, empresas e sociedade – preparados para acompanhar esta evolução?
A resposta reside em cinco ideias-chave.
1 – O conhecimento técnico tem prazo de validade
O universo técnológico avança a uma velocidade vertiginosa. Conceitos que hoje estão na linha da frente, tais como IA generativa, cloud híbrida, cibersegurança baseada em Zero Trust ou DevOps, rapidamente se tornam a norma. O problema? O conhecimento aprendido há apenas três anos pode já estar ultrapassado.
Num mundo onde 44% das competências profissionais vão mudar até 2028 (World Economic Forum), a formação contínua é a única forma de evitar a obsolescência profissional. Esta é uma mudança cultural, que pessoas e organizações precisam de realizar, sob pena de ficarmos de alguma forma “obsoletos” e de as organizações perderem a sua competitividade.
2- A IA e a automação não eliminam empregos, mas transformam-nos
Há quem tema que a IA venha substituir humanos, mas os dados mostram outra realidade: a IA irá eliminar tarefas, não pessoas, e criar novas funções para quem estiver preparado. A requalificação é urgente: segundo o LinkedIn, 82% dos líderes consideram que os seus colaboradores precisarão de novas competências em IA nos próximos dois anos.
Neste cenário, a formação contínua não deve ser apenas um investimento individual, mas sim uma estratégia nacional que envolva empresas, Estado e instituições de formação, para garantir a empregabilidade.
3- As empresas que investem em formação são as que mais crescem
No mundo empresarial, a agilidade vale ouro, e nada torna uma equipa mais ágil do que ter colaboradores que aprendem continuamente. Empresas que incentivam a aprendizagem contínua, conseguem adaptar-se mais rapidamente, inovar com mais segurança e reter talento qualificado.
Dados da IDC indicam que até 2026, 65% das empresas vão exigir que os profissionais de TI tenham certificações atualizadas em áreas como cloud e IA. A formação já não é um extra: é um requisito e uma necessidade de negócio.
4- A requalificação é a resposta à escassez de talento em TI
Em Portugal, continuam a faltar profissionais qualificados em áreas como cibersegurança, análise de dados ou engenharia de sistemas cloud. A formação contínua não responde apenas às necessidades de quem já está no sector, é também uma porta de entrada para novos perfis.
Para muitos, mudar de carreira é um passo difícil, mas quando há programas bem estruturados, com orientação prática e ligação ao mercado, a reconversão profissional pode ser rápida, eficaz e gratificante.
5- Formar é também valorizar pessoal e profissionalmente
Por fim, há um fator que muitas vezes é ignorado: a formação contínua não serve apenas para garantir um salário ou uma promoção. Serve para alimentar a curiosidade, aumentar a confiança e manter viva a motivação. Numa altura em que o burnout e a desmotivação atingem níveis preocupantes, aprender pode ser o melhor antídoto.
A formação contínua não é apenas uma ferramenta de adaptação. É, acima de tudo, uma forma de crescimento, tanto técnico, profissional e humano.
Num mercado tecnológico cada vez mais exigente, quem pára de aprender, arrisca-se a ficar para trás. A boa notícia? Nunca foi tão fácil, tão acessível e tão relevante investir em conhecimento. Cabe-nos a nós, enquanto profissionais e enquanto organizações, escolher querer evoluir.
Jorge Lopes,
Diretor, Rumos Formação