A Agilidade é um mindset, uma cultura focada no negócio, ciclos otimizados e melhoria contínua. Para que o sucesso da transformação seja sustentável é essencial que todos departamentos da organização trabalhem este mindset e abracem mudanças nas tecnologias, processos e ferramentas.
Um destes departamentos é o RH, com um papel cada vez mais importante junto dos colaboradores, passando de uma função mais administrativa para uma função mais estratégica, alto valor agregado e com foco no cliente interno. RH tradicionais, burocráticos, concentrados apenas na implementação de normas e procedimentos, “é coisa do passado” porque o seu cliente já não aceita estas normas que atrapalham a adaptabilidade que o mercado exige. O “novo” RH é focado na cultura ágil e nos clientes, promovendo a adaptabilidade e inovação, apoiando a experiência dos colaboradores e atraindo e mantendo talentos. O grande objetivo é estar mais próximo das equipas, permitindo maior competência nas funções, promovendo o trabalho em equipa, a gestão da mudança e a tomada de decisão melhor e mais rápida.
Com base no manifesto ágil desenvolvido por programadores de software em 2001, foi desenvolvido o documento “Manifesto Ágil dos RH” por profissionais da área, adaptando os princípios estabelecidos aos RH e deixando de valorizar RH’s tradicionais, baseados em estruturas hierárquicas rígidas, sem partilha de informação e focados em ações individualizadas, apoiando-se no “envolvimento” entre pessoas e equipas.
Foram criados seis princípios adaptados aos RH que ajudam as organizações a melhorar a cultura de trabalho na obtenção de resultados mais rápidos e de forma eficiente, com menos recursos associados.
Os princípios são:
1. Redes colaborativas
mais do que estruturas hierárquicas
2. Transparência
mais do que sigilo
3. Adaptabilidade
mais do que prescrição
4. Inspirar e comprometer-se
mais do que gestão e retenção
5. Motivação intrínseca
mais do que recompensas extrínsecas
6. Ambição
mais do que obrigação
O que muda com este manifesto? a resposta é: Muitas coisas! Das tarefas diárias às de maior responsabilidade. As formas de trabalhar mudam drasticamente, mas contribuem para mais e maiores benefícios. O que muda então?
1- Processo de recrutamento
Os RH ágeis têm uma estratégia contínua no recrutamento, para contratar os melhores talentos, ao invés de iniciar este processo apenas quando uma vaga abre. A disputa pelos melhores profissionais é cada vez mais agressiva e a atração de talentos tem de ser um processo contínuo e estruturado que fortaleça a “marca empregadora”.
2- Estruturação das Equipas
Na metodologia ágil, as equipas são formadas por squads multidisciplinares que trabalham juntas em projetos com timings e entregas bem estabelecidas. Os RH têm de acompanhar esta tendência, facilitando as dinâmicas das equipas e permitindo o desenvolvimento das suas tarefas. Nestas squads, as hierarquias definidas são postas um pouco de lado, porque os projetos são desenvolvidos por profissionais de várias áreas e níveis hierárquicos, sendo fundamental os RH’s apoiarem-se numa comunicação transparente e regular.
3 – Feedbacks
Os RH’s ágeis fomentam o feedback regular em vez de feedback apenas em momentos específicos. É obrigação dos RH criar um ambiente seguro e confortável para dar e receber feedback em todos os níveis, estimulando a transparência e confiança entre pessoas. Os momentos formais de feedback e ciclos de avaliação não devem ser abolidos, mas como na cultura ágil surgem ao longo de todo o processo de trabalho, podem ocorrer após a conclusão de cada projeto e em reuniões periódicas individuais.
4 – Formação e Desenvolvimento
A cultura RH tradicional desenvolve os colaboradores para que atinjam o seu máximo potencial, mas não potenciando a progressão para além da formação. Com um RH ágil, preparado para transformações constantes, é fomentada a cultura de aprendizagem contínua e o desenvolvimento de competências independentemente da sua área de trabalho.
5 – Liderança
O desenvolvimento das lideranças é um dos maiores desafios de um RH ágil, pelo nível de incerteza das mesmas nesta metodologia de trabalho. Qual o seu perfil? Como atuar num contexto de squads e sprints? Como garantimos que somos embaixadores do Agile? São necessários líderes com excelência técnica, mas simultaneamente adequados a trabalhar com metodologias ágeis.
Em resumo, assim se percebe que o investimento em RH’s ágeis, como área transversal, traz benefícios a toda a organização, desenvolvendo de colaboradores, planos de carreira e benefícios mais atrativos, contribuindo para a retenção de talentos e para colaboradores mais motivados e felizes.
Sofia Miranda
Business Consulting Manager – NTT Data
Descarregue aqui a 17ª Edição da Revista Game Changer