As grandes empresas desafiaram as suas verdades absolutas. As que ainda não tinham iniciado a sua transformação digital foram obrigadas, no último ano, a testar métodos instantaneamente. E quem melhor do que as start-ups para as ajudar a trazer um mindset inovador e disruptivo ao seu modelo de negócio?
Todos os países foram afetados, em escalas diferentes, pelos reflexos da pandemia mundial que foi oficializada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em março de 2020, mas que já dava os seus primeiros passos em 2019. Dentro deste cenário cheio de imprevisibilidade e incertezas, vimos muitos desafios surgirem dia após dia, mas também muitas soluções e tecnologias que já existiam a serem revistas e avaliadas.
As grandes empresas desafiaram as suas verdades absolutas. As que ainda não tinham iniciado a sua transformação digital, muitas porque não acreditavam que os processos poderiam ser implementados – como reuniões virtuais, assinaturas online, telemedicina na área da saúde ou ensino à distância –, foram obrigadas a testar métodos com uma maior rapidez. E o resultado foi positivo, pois viram que, além de ser possível a continuidade do seu negócio, mesmo que à distância, ainda depararam-se com benefícios adicionais, como o aumento de produtividade, uma maior agilidade, uma implementação mais rápida e uma maior objetividade nos processos.
Enquanto lidavam com todas estas mudanças de comportamento e cultura, essas empresas perceberam que, para se manterem relevantes, terem diferencial competitivo e estarem presentes na evolução do mercado, precisavam também de inovar constantemente e acompanhar as tendências e as novas tecnologias. E quem melhor do que as start-ups para manter e até trazer o mindset inovador ao seu modelo de negócio?
Ao adquirirem uma start-up, as grandes empresas ganham também tempo e agilidade para lançarem novos produtos ou abrirem novos mercados, além de adquirirem talentos e a expertise e o mindset de inovação necessários.
Não é moda. Todos temos acompanhado o movimento das grandes empresas que estão a criar estruturas para operar mudanças e inovações, seguindo o “modelo” start-ups. A IBM comprou a start-up de computação em nuvem Nordcloud e a sueca GuestReady, especializada no arrendamento de alojamentos locais através do Airbnb, adquiriu a start-up portuguesa The Porto Concierge, só para enumerar alguns exemplos.
Podemos não saber como será o futuro. Mas ouso dizer que será mais colaborativo e de aceleração no desenvolvimento do ecossistema de inovação.
As grandes empresas aprenderam que a dimensão não é determinante para as salvar, mas que a inovação e a transformação digital são realidades ímpares nos mercados. Neste cenário, as start-ups devem, por um lado, reforçar o seu posicionamento para trazer inovação às grandes empresas, ajudando-as a sobreviver perante os desafios, e, por outro lado, conquistar investimentos, essenciais para o seu amadurecimento e crescimento. Todos ganham nesta relação.
Ainda há um longo caminho a percorrer e muitas mudanças a serem implementadas pelas grandes empresas nas suas estruturas. Quando entenderem que as start-ups – com os seus modelos à la carte – são peças-chave nesta transformação, mais força ganham nos seus mercados.
Leonor Pipa
Diretora Link to Leaders