A Diversidade, Equidade e Inclusão são – e sempre foram – aspetos fundamentais em qualquer ambiente de trabalho para o sucesso de uma empresa. Contudo, a entrada da geração Y no mercado de trabalho trouxe novas perspetivas, sensibilidades e desafios obrigando as organizações a perceberem que é fulcral lidar com as mudanças subsequentes.
Esta geração apresenta novos desafios para as estruturas mais tradicionais em relação a assuntos como Diversidade, Equidade e Inclusão. É uma geração mais diversa e inclusiva do que as anteriores, e espera que as empresas também o sejam. A geração Y tende a ser mais crítica em relação às práticas empresariais e espera que as empresas adotem políticas e práticas mais equitativas e inclusivas. As empresas que não conseguirem lidar com essas expetativas podem ter dificuldades em atrair e reter talentos desta geração. Por outro lado, as empresas que souberem abraçar a diversidade e a inclusão podem beneficiar significativamente, criando um ambiente de trabalho mais colaborativo, inovador e eficaz. No mundo do marketing e da publicidade, a criatividade e inovação dependem e são alimentadas pela diversidade de perspetivas e pontos de vista.
Na WPP – grupo de agências de publicidade e marketing – temos cerca de 900 colaboradores em Portugal, com uma média etária de 27 anos, e acreditamos que a nossa missão é construir e promover uma cultura inclusiva, equitativa e respeitadora de formas diferentes de pensar e de expressão individual. Celebramos as nossas diferenças: género; nacionalidade; etnia; credo; orientação sexual; idade; experiências vividas e muito mais. Em última análise, acreditamos que a diversidade e a diferença combinam para produzir uma criatividade extraordinária, manifestada no trabalho que fazemos para os nossos clientes e no impacto que podemos causar no mundo.
É fundamental criar equipas diversas e inclusivas, que possam trazer diferentes experiências e ideias para o processo criativo, e ajudar a criar campanhas publicitárias que cheguem a diferentes públicos e evitem estereótipos e preconceitos. E, claramente, um ambiente de trabalho onde nos sentimos respeitados também aumenta o sentido de pertença dos colaboradores. Um ambiente de trabalho inclusivo cria um sentido de comunidade, onde todos se sentem valorizados e respeitados. Tudo isto, potencia uma maior colaboração e trabalho em equipa, além de ajudar a reter talentos diversos na empresa.
Com este contexto em mente, criámos um Comité DEI (Diversidade, Equidade e Inclusão) que nasceu numa das sub-holdings do Grupo WPP- o GroupM – e que rapidamente se alargou a toda a organização – é composto por colaboradores que representam todas as empresas do grupo, de forma a trazer a sua voz e preocupações à ExCo. O Comité é responsável por desenvolver iniciativas e eventos que promovam awareness e a educação sobre o tema e ajudem a criar um ambiente de trabalho inclusivo, onde todos se sintam respeitados. E a diversidade vai muito para além de questões raciais ou de género. Abordamos outros temas como saúde mental e a neurodiversidade. E porque o Comité é constituído por pessoas que fazem da criatividade a sua vida, as campanhas que criamos procuram ser um desafio ao status quo. O objetivo é sempre fazer-nos parar e refletir sobre o que ainda está por fazer neste campo. Na empresa ou na sociedade em geral. E, preferencialmente, com ironia e humor – sempre defendi que conseguimos melhores resultados quando provocamos um sorriso ou uma gargalhada.
Uma das campanhas de 2023 merece especial destaque: “O Impacto das Palavras”. Partimos do insight que nasce da desvalorização dos piropos ou de algumas das frases que as mulheres ouvem constantemente “são inofensivas, não têm nada de mal” da parte de muitos homens. Como muitos deles têm filhas, mães, mulheres, irmãs ou amigas e mesmo assim desvalorizam este comportamento tóxico, decidimos provocá-los: qual a reação se uma mulher próxima confessar que foi assediada por mensagem, algo como “a roupa que estás a usar
neste momento é muito provocante”. Identificámos alguns colaboradores do sexo masculino e conseguimos que as mulheres da sua vida (esposas/namoradas/irmãs/mães/amigas) lhes enviassem mensagens de WhatsApp contando que tinham recebido do seu chefe/colega um desses comentários. Depois, filmámos a reação deles ao lerem as mensagens com câmara oculta. Finalmente, fizemos uma entrevista sobre o impacto das palavras que leram e o que sentiram. Com a autorização dos colegas, partilhámos o vídeo com os nossos colaboradores e o resultado foi um sem número de conversas e discussões nos lounges e corredores. Este “abrir de olhos” para muitos foi a confirmação de termos cumprido mais um objetivo.
Veja abaixo a entrevista complementar:
Carla Calisto
Chief People Officer – Portugal, WPP
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