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28 de Junho de 2024

Liderar a Mudança para a Agilidade Organizacional – Game Changer 20

O pós-pandemia Covid 19 não trouxe um “novo normal”. As organizações em todo o mundo continuam a confrontar-se com alterações e desafios constantes, internos e externos, que obrigam a um olhar consistente para o modelo de negócio, para a estratégia e para os movimentos do mercado e da concorrência. Alguns destes desafios passam por encontrar profissionais com as competências necessárias para responder às necessidades do negócio, por ter equipas fortes, motivadas e estáveis, capazes de se adaptarem facilmente às mudanças, e por conseguir dar resposta às necessidades e expectativas dos clientes, no tempo e no formato desejado.

É um facto que a pandemia trouxe grandes alterações na forma como os colaboradores encaram hoje o trabalho, o que esperam em termos de flexibilidade de horários e de local de trabalho, bem como as suas expectativas em termos de evolução de carreira. E o mesmo se aplica aos clientes, que passaram a consumir bens e serviços e a utilizar meios de pagamento e meios de comunicação, de uma forma mais frequente, através dos canais digitais.

Esta evolução das expectativas dos clientes e dos colaboradores, juntamente com as constantes inovações a nível tecnológico, estão a abrir novos mercados e a transformar outros – e é ao identificar e agarrar estas oportunidades que as organizações evoluem e prosperam.

Conseguir que uma organização esteja permanentemente desperta para estes desafios/oportunidades do mercado, que encontre soluções inovadoras que aportam valor e que seja capaz de se reorganizar para as implementar, de uma forma rápida, flexível e equilibrada, é o caminho para a agilidade organizacional.

Mas, que fatores devemos ter em consideração para atingir a agilidade organizacional?

A agilidade organizacional pressupõe a capacidade de reconfigurar rapidamente a estratégia, a estrutura, a cultura e as pessoas, os processos e a tecnologia, com o grande objetivo de criar valor e/ou proteger valor para a organização.

De acordo com os estudos realizados pela McKinsey sobre o tema da agilidade, para ser ágil uma organização precisa de ser dinâmica e estável. As práticas dinâmicas são as que permitem a velocidade, capacidade de reação e adaptação a novos desafios e oportunidades, enquanto as práticas estáveis permitem alcançar a eficiência, a fiabilidade e a escala, estabelecendo uma espinha dorsal de elementos que não precisam de mudar com frequência.

Obviamente, a mudança organizacional para a agilidade é um processo contínuo (não é um estado que se alcance), que não é fácil e que requer o envolvimento de todos, desde o topo até à base. As transformações para a agilidade organizacional só são bem-sucedidas quando lideradas pelo topo. Mas esta liderança tem de ir muito mais além do que apenas um “buy-in” dos executivos de topo: precisamos de ter executivos que atuem como modelos na liderança ágil, que estejam empenhados na transformação e que coloquem as pessoas em primeiro lugar. Este é o primeiro e mais poderoso passo para impulsionar a mudança organizacional.

Vejamos então o que significam estas práticas em cada um dos 5 vetores – estratégia, estrutura, cultura e pessoas, processos, tecnologia:

1 – Estratégia:

Práticas estáveis:

Uma Orientação Estratégica que é viável e implementável (a estratégia deve ser conhecida por todos e ser clara nos objetivos e iniciativas a implementar);

Uma Visão e Propósito partilhados e compreendidos por todos os colaboradores.

Práticas dinâmicas:

Alocação flexível de recursos, de acordo com as necessidades do negócio;

Permanente identificação e aproveitamento das oportunidades, a par de uma Previsão Estratégica, ambas a alimentar a Estratégia (disciplinas como Future Readiness e Strategic Foresight a terem um papel de relevância).

2 – Estrutura

Práticas estáveis:

Áreas estruturadas em alinhamento com o Propósito da organização  e que assumem total respon-sabilidade pelo que entregam (Accountability);

Estruturas tendencialmente achatadas, com uma Arquitetura de Tomada de Decisão simples e orientada para a ação.

Práticas dinâmicas:

Um ecossistema de parcerias ativas; Um ambiente de trabalho híbrido (físico e virtual), simples, transparente e aberto.

3 – Cultura e Pessoas

Práticas estáveis:

Uma Motivação intraempreendedora em todos os níveis e funções;

A Liderança é servidora e partilhada;

A Comunidade de colaboradores é coesa;

A Confiança nos líderes e na organização, bem como a Segurança Psicológica, são evidentes.

Práticas dinâmicas:

Mobilidade de funções;

O Desenvolvimento de Competências é uma responsabilidade partilhada e acontece de forma contínua;

As Equipas trabalham com grande autonomia e responsabilidade;

As Equipas trabalham com abordagens colaborativas, como o Design Thinking, e metodologias de trabalho Agile, como o Scrum, o Kanban, o Scrumban, entre outras.

4 – Processos

Práticas estáveis:

Formas padronizadas de trabalho (não há duplicação de tarefas nem duplicação de softwares, nem duplicação de documentos);

Orientação para o desempenho (a qualidade é assumida, entregue em todos os níveis e funções, avaliada e as melhorias introduzidas nos ciclos seguintes).

Práticas dinâmicas:

Informação transparente;

Iteração rápida e Experimentação; Aprendizagem contínua;

Aplicação de metodologias de análise de processos, como o Lean, Six-Sigma, Kaizen, entre outras.

5 – Tecnologia

Práticas dinâmicas:

Tecnologia, Sistemas e Ferramentas (com a forte entrada da IA em muitas áreas).

 

Não há um único caminho, técnica, metodologia ou framework para a agilidade. Tendo em conta as suas especificidades, cabe à organização definir a sua Estratégia de Agilidade, em alinhamento com a Estratégia Empresarial e qual ou quais as abordagens mais apropria- das para a mudança. O modelo ADKAR pode ser uma abordagem de gestão da mudança interessante, ao começar por criar a consciência da necessidade de mudança, fortalecer a motivação e o compromisso com a mudança e desenvolver as competências necessárias para que todos saibam o que precisa de ser mudado.

É importante realçar que a agilidade é medida pelos comportamentos (do topo à base), o que significa que se as pessoas atuam de forma ágil, então é porque as pessoas e a organização são ágeis.

 

Carmen Almeida
Agilidade Organizacional, Agile RH – Scrum Master, Design Thinking Facilitator Mentoring

Descarregue aqui a 20ª Edição da Revista Game Changer

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