14 de Fevereiro de 2025

A Tecnologia pode ser o motor, mas são as Pessoas que a conduzem – Game Changer 22

A transformação digital está a revolucionar as organizações e a Inteligência Artificial (IA) é uma das suas principais protagonistas. No entanto, quando pensamos em transformação digital, tendemos a focar-nos nos departamentos mais ligados à tecnologia, esquecendo um fator essencial: as Pessoas. É aqui que entram os Recursos Humanos, que desempenham um papel crucial para garantir que a adoção da IA seja bem-sucedida. A tecnologia pode ser o motor, mas, sem o envolvimento das Pessoas, fica apenas a trabalhar em vazio.

Os RH estão numa posição única para facilitar esta transição, pois entendem profundamente a cultura da organização e o perfil dos colaboradores. A grande questão que se coloca é: como garantir que, à medida que as máquinas se tornam mais inteligentes, os colaboradores não se sintam alienados, mas sim empoderados? A resposta passa pela criação de uma cultura organizacional que apoie esta transformação, e é aí que os RH se tornam fundamentais.

Quando olhamos para a adoção da IA no local de trabalho, é fácil pensarmos nos benefícios imediatos: maior eficiência, automação de tarefas repetitivas, melhor tomada de decisões baseada em dados. Mas este é apenas um lado da equação. O outro lado, mais delicado, envolve a perceção e receção desta mudança pelos colaboradores. Os RH, que são os guardiões da cultura organizacional e os facilitadores da transição, têm obviamente uma responsabilidade fundamental. Uma empresa pode investir milhões em tecnologia de ponta, mas, sem uma política de comunicação clara e uma gestão de mudança bem estruturada, o resultado poderá ser resistência interna e desmotivação.

Uma outra peça essencial deste processo é formação contínua. Os RH não podem limitar-se a esperar que os colaboradores se adaptem às novas ferramentas; têm de fornecer-lhes os meios para o fazer. Programas de formação dedicados, focados no desenvolvimento de competências digitais e no uso prático das novas tecnologias, são essenciais para criar um ambiente onde as Pessoas se sintam preparadas para colaborar com a IA. Um estudo da Deloitte de 2023 mostra que as organizações que investem consistentemente em formação digital têm uma probabilidade 30% maior de serem bem-sucedidas na implementação de tecnologias avançadas, como a IA. Este dado sublinha a importância de dar às Pessoas as ferramentas e o conhecimento para se tornarem agentes da mudança.

Além da formação, os RH têm o papel de garantir que as políticas que regem a adoção da IA sejam claras, éticas e compreendidas por todos. Não basta definir novas ferramentas e esperar que os colaboradores se adaptem automaticamente. É necessário desenvolver diretrizes que promovam a integração da IA de forma harmoniosa, respeitando os limites éticos, fomentando a transparência e envolvendo os colaboradores em todas as etapas do processo. Isto cria um sentimento de pertença e participação, essenciais para que a mudança não seja imposta, mas sim vivida por todos. Garante-se, assim, que a transição seja encarada com otimismo, em vez de receio.

Num cenário em que o impacto da IA é uma realidade inevitável, os líderes de RH têm a responsabilidade de garantir que a transformação digital não se torne uma experiência alienante para os colaboradores. E isso exige sensibilidade. A forma como comunicamos as mudanças, como oferecemos formação contínua para que as Pessoas se sintam capacitadas a trabalhar com as novas tecnologias e como alinhamos a estratégia digital com os valores da empresa são os fatores que vão determinar o sucesso a longo prazo. Não importa quão avançada seja a tecnologia; o sucesso depende de uma questão muito humana: a capacidade de nos adaptarmos, inovarmos e crescermos juntos. Porque, no final, é como sempre foi: as Pessoas estão no centro da mudança.

 

Gabriel Augusto
Diretor-geral, FLAG

 

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