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1 de Março de 2024

Adaptabilidade Profissional: A Importância Crescente da Flexibilidade – Game Changer 19

A flexibilidade laboral não é um tema de hoje. Há já algum tempo que as empresas têm vindo a trabalhar esta temática e algumas até desenvolver práticas mais flexíveis.

Algumas organizações em Portugal que já trabalhavam o tema já acabavam por se diferenciar e eram consideradas irreverentes, por ter uma vontade de “mudar o mundo” laboral; mas entretanto todos fomos “obrigados” a flexibilizar em grande parte dos sectores e foi também aí que o paradigma mudou.

As empresas tornam o impossível possível, como é o exemplo do trabalho remoto. Os colaboradores também perceberam que conseguiam fazer o seu trabalho muitas vezes de forma mais eficiente, ganhando vantagens na gestão da vida pessoal e ter assim o tão desejado equilíbrio entre a vida pessoal e profissional. Já ouvi opinões que não defendem o termo “work-life balance”, mas sim apenas “life balance”, e a verdade é que, cada vez mais, o termo mistura-se e nós dificilmente dissociamos a pessoa do trabalho e a pessoa da vida pessoal. Neste contexto, a flexilidade faz cada vez mais sentido.

Mas então, o que é a flexibilidade laboral? Ora bem, pode ser tudo. Podemos referir-nos a trabalho híbrido, redução de dias de trabalho, horário flexível, possibilidade de trabalhar noutras localizações, poder escolher benefícios, escolher a formação, entre outros.

Eu vejo a flexilidade como um passo natural, uma adaptação do mercado de trabalho ao Humano. Até agora sempre nos adaptámos ao trabalho; começamos a querer que o trabalho se adapte às nossas necessidades. Deixámos as consultas após as 18h, ir ao banco só nas folgas e começamos a perceber que conseguimos encaixar estas tarefas no nosso dia-a-dia e a adaptar o nosso ritmo. Começamos a conseguir gerir melhor a vida pessoal e familiar, a distribuir as tarefas pelos dias.

A verdade é que o que funciona para mim, pode não funcionar para o outro colega; depende da perspectiva de cada um. E de facto vivemos numa dicotomia em que, por um lado, desejamos maior acessibilidade – no sentido da rapidez e disponibilidade; estamos mais exigentes e queremos serviços 24/7 – e, por outro, procuramos ter qualidade de vida, com mais tempo para nós, para investir no nosso bem-estar físico e mental, e não estar disponíveis 24/7.

A flexibilidade é muito mais do que só um conjunto de práticas implementadas, mas também uma forma de viver, de sentir a cultura de uma empresa e de gerir as equipas. Acredito cada vez mais que conseguimos e devemos orientar o trabalho por objectivos. Focando nos objetivos que queremos atingir, no resultado, que afinal é comum, é possível deixar para trás o tradicional horário das 9h às 18h.

A modalidade de trabalho híbrido é a mais utilizada e atualmente a mais fácil de implementar. Permite-nos desfrutar das vantagens de estar no escritório, como estar com a equipa, absorver a informação não verbal, criar laços afectivos e ao mesmo tempo conseguimos ganhar o tempo da viagem para o escritório, reduzir os gastos em transportes, reduzir o stress, fazer uma gestão familiar mais distribuída e ganhar assim tempo para viver, para dividir com os nossos. Este é um benefício que hoje em dia já é exigido por muitos candidatos e colaboradores às empresas.

Sabemos que nem todos os sectores conseguem implementar esta prática, mas existem outras, como os benefícios ajustados ao colaborador ou a semana de 4 dias, por exemplo, cuja implementação será mais “fácil” para algumas organizações. A adoção de medidas de flexibilidade laboral permite aumentar a retenção de talento e reduzir a rotatividade. As componentes de flexibilidade laboral podem ter vantagens e desvantagens.

 

A Experiência da Continental

A Continental Engineering Services é um bom exemplo de flexibilidade laboral. A maioria dos colaboradores tem um horário de 40 horas semanais, mas sem um horário pré-estabecido. Isto permite, por exemplo, que possam fazer as 40 horas de segunda a quinta e usufruir da sexta como dia de descanso. Na minha opinião e experiência, é uma modalidade que funciona muito bem. Além deste formato, que é mais comum no mundo corporativo, também temos colaboradores com horários semanais de 32 horas. Alguns escolhem ter menor carga horária devido a uma gestão da vida pessoal, como questões de desenvolvimento pessoal, por exemplo.

Em algumas situações, o colaborador pode solicitar uma licença sabática durante um período de tempo e, após este, retomar normalmente a atividade laboral.

A modalidade de trabalho híbrido é também adoptada por grande parte dos colaboradores, sendo que notamos que existe uma fatia que valoriza muito o espaço físico do escritório e a possibilidade de estar presente. Como empresa internacional e tendo vários colegas de diferentes nacionalidades, hoje em dia já conseguimos reduzir a distância com a família com a nossa política de “cross border”, que permite ao colaborador usufruir de um determinado número de dias para trabalhar remotamente. Esta política também pode ser usada para os mais aventureiros que gostam de viajar, conhecer novas culturas.

Todas estas práticas visam melhorar a experiência do colaborador, contribuir para este equilíbrio na vida, mas a verdade é que só são possíveis quando temos lideranças que incentivam e acreditam num dia a dia assim, flexível.

 

Mafalda Silva,
HR Operations Analyst, Continental Engineering Services Portugal

 

Descarregue aqui a 19ª Edição da Revista Game Changer

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