No mundo de hoje a tomada de decisão apenas com base em intuição ou gut-feeling já não é suficiente. Para ter vantagens competitivas, é crucial que as empresas adotem a prática de tomada de decisão com base em dados levando a uma maior probabilidade de sucesso ao mesmo tempo evitando erros que podem ter custos elevados. Para além disso, muitas vezes o uso desses dados leva à identificação de oportunidades que de outra forma passariam despercebidas. É difícil, se não até impossível, apontar alguma indústria ou departamento dentro de uma organização que não beneficie de dados para tomada de decisão – e os Recursos Humanos não são excepção.
Uma das áreas em que a tomada de decisão com base em dados pode ter mais impacto, é no recrutamento e contratação. Por exemplo, ao analisar a taxa de sucesso de diferentes fontes de recrutamento, é possível identificar quais tiveram mais sucesso a trazer o talento adequado para as várias posições.
A Unilever é um excelente exemplo desta abordagem – com quase 150 mil colaboradores em todo o mundo é fundamental que tenham estratégias de recrutamento eficazes. Uma das soluções passa por usarem algoritmos de Machine Learning que comparam os perfis dos candidatos para uma determinada posição, com o perfil de colaboradores que tiveram sucesso nessa mesma posição, ajudando assim a selecionar os candidatos com maior probabilidade de sucesso.
Outra área onde a tomada de decisão com base em dados são extremamente valiosos é na retenção de talento. Conduzir inquéritos de satisfação frequentemente dentro das organizações ajuda, entre muitas outras coisas, na identificação de áreas a melhorar, a perceber que tipo de incentivos os colaboradores mais valorizam e se há alguma mudança na moral que possa pôr em risco a cultura. Este tipo de dados pode também ajudar a prever quais os colaboradores que estão em maior risco de abandonarem a empresa, dando tempo para que sejam desenvolvidas iniciativas para reter o melhor talento.
Um bom exemplo desta prática é o Airbnb ,que já foi por diversas vezes considerada uma das melhores empresas para se trabalhar. Para assegurar que mantém uma boa cultura, são conduzidos inquéritos frequentes para medir o nível de satisfação dos colaboradores assegurando melhorias constantes nas áreas que necessitem de ser revistas. A importância desta abordagem tornou-se ainda mais evidente com esta novo modelo de trabalho híbrido que permite que os colaboradores trabalhem de casa – por exemplo os incentivos associados ao ambiente do escritório perderam importância e outros ganharam relevância – é preciso avaliar constantemente o que é valorizado e ir adaptando para garantir que a organização continua a ter uma cultura que atrai e retém o melhor talento.
A diversidade e inclusão dentro das organizações é outra área que beneficia bastante de dados. Ao analisar a representatividade de vários grupos dentro das organizações, permite identificar grupos de baixa representatividade e tomar medidas.
Um excelente exemplo desta prática é a Intel que todos os anos publica um relatório mostrando os números internos em relação à diversidade, e dependendo dos resultados são conduzidas iniciativas para aumentar a representação onde existem lacunas. Além disso, também disponibilizam dados de salários das várias funções e grupos dentro da empresa para que este aspecto seja também mais justo e transparente.
Portanto, não restam dúvidas em relação ao impacto que os dados podem ter nas tomadas de decisão na área de RH – quando coletados e analisados corretamente, têm o poder de aumentar a eficiência dos RH ajudando assim a criar uma cultura onde o talento e diversidade são valorizados levando a uma maior produtividade e, em última análise, ao sucesso das organizações.
Filipa Rodrigues
Data Scientist, OutSystems | Scientific Coordinator of the Data Science Postgraduate Programme, Rumos
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