Portugal está há seis anos a cair no ranking da produtividade, sendo 28% inferior à média da zona Euro (dados do Eurostat). Os baixos salários são, ao mesmo tempo, um sintoma e uma causa desta baixa produtividade. Mas, então, como saímos desta roda de hamster?
Saber a resposta resolvia os problemas do país, e como estou a escrever este artigo e não a governar, o leitor consegue perceber que o que posso dar são apenas contributos de 5 anos de experiência a gerir uma empresa, e não a solução milagrosa.
Na Onya Health, a empresa que fundei e da qual sou gestora, uma das soluções que nos permitiu aumentar a produtividade e a qualidade do nosso trabalho foi a redução da carga horária semanal de 40h para 36h. Como parte do projeto piloto do IEFP, a nossa empresa passou por uma série de mudanças que nos permitiram aumentar a eficiência e, por isso, ser mais produtivos.
A produtividade pode ter muitas variáveis, mas resume-se no valor acrescentado por hora trabalhada. No nosso caso, sendo uma agência de comunicação e marketing na área da saúde, o valor do nosso trabalho está diretamente ligado à nossa capacidade criativa e estratégica que, por sua vez, estão ligadas ao nosso bem-estar mental e emocional.
Quem conhece a cultura das agências de comunicação e marketing sabe que as longas horas no escritório e o excesso de trabalho são romantizados, o que obviamente cria empresas pouco produtivas e, por isso, que pagam salários baixos e têm grande rotatividade de trabalhadores.
Por todos estes motivos, a redução em 4 horas semanais – no nosso caso, traduzidas em sextas-feiras livres a cada 15 dias- pareceu-nos uma solução merecedora de teste. O teste já terminou e os resultados foram muito positivos:
A empresa está mais organizada, com processos definidos, os trabalhadores estão satisfeitos e motivados, e os clientes descreveram melhorias na qualidade do nosso trabalho.
O termo “semana de 4 dias” pode assustar muitos gestores, mas é preciso vermos para além do termo: 4 dias podem começar com apenas com uma redução de 4 horas por semana; a empresa não tem que fechar, pode ter equipas espelho; contratar recursos humanos para ajudar na redução horária pode significar uma redução de absentismo, e isso traduzir-se em poupança de recursos a curto-médio prazo; pessoas mais felizes trabalham muito melhor e é isso que faz uma empresa aumentar os seus lucros.
Estamos há seis anos na cauda da Europa no que toca a produtividade. Acredito que vale a pena testarmos a redução da carga horária semanal, com todas as mudanças e otimizações que isso significa, e perceber se mudanças acontecem.
Testar é preciso, é a única coisa que nos faz avançar!
Vânia Lima
Co-fundadora e Diretora Geral, Onya Health
Sobre a Onya Health:
A Onya Health é uma agência de comunicação e marketing portuguesa, independente e especializada, que prescreve criatividade ao setor da saúde, em especial à indústria farmacêutica.
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