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23 de Setembro de 2022

Alinhar as competências com o futuro do trabalho – Game Changer 16

A pandemia provocou uma grande aceleração na transformação digital nos locais de trabalho e originou, alterações sem precedentes nas organizações por todo o mundo. O futuro de muitas profissões que desde sempre conhecemos, está também pressionado por este fator e requer uma evolução das competências dos profissionais que se tornam necessárias para muitas das profissões que estão a evoluir e que não acompanham a oferta necessária. Em várias áreas a atração de talento é escassa, pois a estagnação em muitas carreiras e o pouco incentivo que se sente de forma transversal na sociedade, não permite um desenvolvimento mais ágil e capaz de dar resposta às necessidades.

Nos dois últimos anos, muitos de nós tivemos que repensar não apenas como e onde trabalhamos, mas também o propósito para que trabalhamos. Num momento de alterações sem precedentes, acompanhamos também uma redefinição na relação entre empregadores e colaboradores, que mudaram comportamentos e expetativas nas suas ambições profissionais.

Com o desenvolvimento constante de reinvenção e de novos modelos de negócios, aceleraram também as novas necessidades profissionais. De acordo com o último relatório “The Future of Jobs Report” estima-se que até 2025, as funções cada vez mais redundantes irão desaparecer e aproximadamente 85 milhões de empregos poderão ser substituídos numa mudança na divisão do trabalho entre humanos e máquinas, enquanto 97 milhões de novos cargos poderão surgir mais adaptados à nova divisão do trabalho entre humanos, máquinas e automação. Ao observarmos o contexto atual, fica claro que uma grande parte das empresas direta ou indiretamente está dependente da tecnologia e de uma transformação digital nos seus processos, consequentemente as profissões têm uma atualização mais rápida face a décadas anteriores.

Também um estudo recente pela rede social LinkedIn, as skills sets que compõem o perfil profissional dos utilizadores, alteraram-se 25% entre 2015 e 2022 e estima-se que esse número deverá duplicar até 2027. Isto demonstra a rápida evolução das exigências num mercado de trabalho em constante mudança, onde a adaptação dos profissionais precisa de estar alinhada e dar resposta às novas áreas em crescimento. É válido tanto para quem procura exercer com sucesso a sua função atual, como para quem ambiciona uma progressão de carreira mais atrativa ou mesmo considera uma reconversão profissional noutra área.

Ainda que não mudemos de emprego, estes e as nossas funções profissionais estão a mudar. É importante estar atento às tendências das profissões do futuro, na medida que é já na atualidade, que muitas profissões estão em modo de transição e exigem dominar novas competências emergentes e disruptivas.

Também para as empresas e recrutadores, novos desafios surgem, pois, procuram alterar estratégias mais tradicionais, por uma maior agilidade nos processos. Uma das abordagens que podemos observar, é a diminuição na procura de candidatos pelas suas qualificações e habilitações académicas e cada vez mais a valorização pelas várias competências, quer sejam elas técnicas ou comportamentais.

Embora continuem a existir muitas profissões que exigem uma validação académica, esta por si só, é cada vez menos uma garantia da capacidade que o candidato tem para desempenhar uma função profissional emergente no imediato. Enquanto que a demonstração e validação de competências atuais, garantem uma maior perceção de valor ao recrutador ao analisar o seu perfil, onde o lifelong learning é uma postura cada vez mais valorizada.

Tendo em conta a urgência e escassez em muitos setores, os recrutadores estão a priorizar cada vez mais os perfis dos profissionais pelas suas competências em detrimento do seu perfil académico.

Num estudo recente do Fórum Económico Mundial, estima-se que a nível mundial será necessário requalificar mais de 1 bilião de pessoas até 2030. Para além das competências digitais, as competências interpessoais especializadas estarão também com elevada procura, tendo em conta a abordagem de trabalho em ambientes híbridos. Mesmo em setores que não estão tradicionalmente orientados pela tecnologia, este estudo indica que as principais competências se estão a transformar e vão refletir esta nova era de locais de trabalho híbridos, onde as funções são cada vez mais dependentes das ferramentas digitais para colaborar e realizar as tarefas do dia-a-dia.

Paradoxalmente, os empregadores que sentem dificuldades em atrair com rapidez suficiente novos talentos, são também eles confrontados pela mesma urgência na retenção dos seus atuais colaboradores mais qualificados e com mais competências. A lei da oferta e da procura é também aplicada no mundo do recrutamento e isso deve-se em grande parte à mudança de expetativas e contextos, pois os colaboradores estão mais abertos ao mercado, expostos também a trabalhos remotos que não exigem deslocação geográfica e sentem que são as empresas que precisam de investir com condições mais atraentes e alinhadas com o seu perfil.

Temos atualmente lado a lado, quatro gerações com perfis totalmente diferentes a colaborarem nas organizações:

  • Baby Boomers (1955 -1964)
  • Gen X (1965-1980)
  • Millenials (1981-1996)
  • Gen Z (1997-2012)

Esta última é, por exemplo, a primeira geração nativa digital. Cada uma destas gerações cresceu e vivenciou experiências com contextos totalmente distintos, é por isso assim um grande desafio saber gerir estas realidades no que diz respeito quer à atração, quer à retenção de profissionais, sendo que o investimento no desenvolvimento de competências é um dos pontos-chave para aumentar a satisfação.

Tendo em conta esta urgência e a escassez de recursos alinhados com as necessidades atuais do mercado, são cada vez mais os empregadores também a investir no reskilling e upskilling dos seus colaboradores como chave para o seu sucesso, pois é o modelo que a curto-médio prazo dará uma resposta mais imediata ao desenvolvimento dos seus negócios, mas também poder desenvolver e reter talento nas suas equipas.

 

Rúben Pio
Consultor de Formação, GALILEU

 

Descarregue aqui a 16ª Edição da Revista Game Changer

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