Baby Boomers, Geração X, Millennials e Geração Z trabalham lado a lado, num dos mais diversificados mercados laborais da história. E agora, como gerir este “melting pot” geracional?
Falar de geração é caracterizar uma série de comportamentos e expetativas, da maior parte de um grupo de pessoas, de acordo com o momento em que viveram. Esta generalização deverá ser sempre “temperada” com o devido “sal”, dado que estamos a analisar tendências – sem esquecer a influência que flui entre gerações e, sobretudo, daquilo que todos temos em comum e que nos irá sempre diferenciar – a nossa individualidade.
Ora, se por um lado a ideia de rótulos geracionais pode parecer “pensar dentro de caixinhas”, a verdade é que estatisticamente há algum fundamento que pode ajudar a entender melhor o que motiva diferentes gerações.
- Disciplina e espírito de sacrifício coletivo são características que tendem a descrever o perfil laboral dos Baby Boomers;
- A estabilidade financeira e a construção da carreira dentro das organizações são uma prioridade para a Geração X;
- Aumentar as qualificações académicas e profissionais é uma preocupação dos Millenials, bem como o futuro do planeta e as causas sociais;
- O equilíbrio entre a vida pessoal e profissional e regimes de trabalho flexíveis são as principais prioridades para a Geração Z, acompanhadas da dedicação a causas sociais e sustentabilidade;
Como responder aos diferentes propósitos, alinhando-os com a estratégia da empresa, ao mesmo tempo que potenciamos o melhor de cada um?
Estar atento ao que temos em comum pode ser um bom ponto de partida. De acordo com alguns autores, existem três necessidades básicas que todos partilhamos:
Ser ouvido (escuta ativa e empatia);
Ser notado/reconhecido;
Ter direito a errar (compreender que o erro surge no caminho da aprendizagem e evolução).
Esta poderá ser a base, rumo a uma cultura de diversidade e inclusão geracional:
Identificar uma Comunicação Interna Eficaz
Se queremos ser eficazes na nossa comunicação, devemos ajustá–la, de modo a, ser rececionada da forma a que cada uma das gerações melhor a recebe e perceciona, mesmo que isso implique utilizar mais que um meio em simultâneo. Nas novas gerações o fax deu lugar ao email, e os chats e redes sociais ganharam força. O formato da mensagem também deverá ser dinâmico e apelativo, com conteúdo claro e objetivo, afinal um vídeo do TikTok é capaz de nos dar uma receita em menos de um minuto.
Promover a Escuta Ativa
As lideranças devem estar preparadas para receber, aceitar e trabalhar o feedback recebido. Toda a partilha dos colaboradores, deve ser vista como matéria-prima, a ser trabalhada de forma assertiva e prática. O reconhecimento pode fazer a diferença, tanto quanto mais a sua voz se faça ouvir e intervir. Aqui, a proximidade e consistência ganham cada vez mais força, pois se noutros tempos, os temas de insatisfação e desagrado dos colaboradores ansiava pelo momento destinado à reunião de balanço anual para ser ouvido, atualmente o dinamismo no mundo laboral trouxe a necessidade destas “dores” serem reconhecidas pela liderança o mais rapidamente possível.
Construir um Ambiente de Feedback e Feedforward constante
As novas gerações têm manifestado a necessidade de calibrar, de forma constante, o seu desempenho com os objetivos da organização. O trabalho para a vida deu agora lugar ao trabalho que potencia o desenvolvimento de competências do colaborador. Existe ainda, a necessidade de reforço positivo, tanto pela liderança, como pelos pares. Importa estar atento a ferramentas que permitam aumentar os níveis de engagement entre colegas e com a organização, através da partilha de feedback ágil e constante.
Criar uma Cultura de Diversidade sem esquecer da Inclusão
A diversidade não é nada sem inclusão e longe vai o tempo onde esta preocupação era encarada como responsabilidade social das empresas. Neste momento a inclusão é uma necessidade, é imperativa, num mercado a fervilhar temos de ser capazes de identificar o talento seja ela qual for a forma com que este se apresente.
Apostar na Construção de uma Employer Branding robusta
O recrutamento e seleção mudou de paradigma, se outrora, eram as empresas que selecionavam um de entre os vários candidatos que se apresentavam a uma oferta, nos dias de hoje, os candidatos e colaboradores das novas gerações, ambicionam muito mais que uma oferta de emprego. Ambicionam fazer parte de uma empresa com carácter, com personalidade e propósito; ora, uma empresa atinge o seu “clímax”, tanto quanto maior seja a sua representatividade real da sociedade em que vivemos.
Não esquecer da palavra de ordem: Flexibilidade
Mais do que uma característica associada a determinada geração, precisamos de aceitar que algo que veio para ficar é a crescente importância da conciliação da vida profissional, familiar e pessoal. Ainda existem dúvidas? Os último dados apontam que é crescente a fatia de pessoas em que a melhoria de qualidade de vida se sobrepõe ao acréscimo no vencimento.
Veja abaixo a entrevista complementar:
Ângela Motaco
Talent Manager, Mind Source
Descarregue aqui a 20ª Edição da Revista Game Changer